Menopausa: um guia simples, descomplicado (e com humor) para lidar com os sintomas

Menopausa: um guia simples, descomplicado (e com humor) para lidar com os sintomas

Vamos encarar a verdade: ninguém chega à menopausa de saltos, glitter no rosto e gritando “Estou pronta!”. Não, não é bem sim…

Primeiro: a palavra. “Menopausa”.  A sério, quem inventou esta palavra? Já bastava a “menstruação” (que já soa a castigo), agora, recebemos “meno” (menos) + “pausa” (paragem). É como se dissesse: “Querida, agora és menos e estás em pausa”. Obrigada, corpo, pela subtileza.

Segundo, ninguém nos prepara para isto! A menopausa não chega com pompa e circunstância. Chega de pantufas, discreta, como aquela vizinha que começa por ficar na porta, depois entra no hall, e quando dás conta… ela já está na tua cozinha a mexer no teu frigorífico. É mais ou menos isto! 

A media é 51 anos (anota na agenda: “parabéns, é hoje!”). Mas pode surgir antes ou depois, porque cada corpo é uma caixinha de surpresas — e esta não dá para devolver na loja.

E a lista de sintomas… ah, essa sim chega como uma avalanche.

Sintomas mais comuns (com dicas e humor)

1. Ondas de calor

Os famosos “calores”. Chegam sempre no momento mais apropriado… tipo quando estás no meio de uma apresentação no trabalho, de blazer elegante, e de repente sentes que viraste forno a lenha.
O calor começa no peito, sobe pelo pescoço e explode na cara: ficas vermelha, e em segundos está a transpirar como se tivesses corrido a maratona de Lisboa sem sequer treinar e a plateia acha que estás emocionada. Não, minha gente, não estou emocionada… estou é a assar!

Dicas de sobrevivência:

·       Água sempre à mão (e não, não vale atirar para cima dos colegas).

·       Camadas de roupa: estilo cebola fashion.

·       Evite café antes de compromissos.

·       Borrifos de água floral no rosto ou spray de alívio de afrontamentos da Primavera: versão SPA portátil.

·       Procure janelas, ventoinhas e, em caso de desespero, amigos abanando leques.

2. Suores noturnos

Imagine dormir numa cabana nos Alpes, com lareira acesa e edredão fofinho. De repente, puff! O quarto transforma-se no deserto do Saara e acordas a meio da noite a pensar que alguém te enfiou dentro de uma sauna finlandesa. O colchão ferve e até a almofada parece um grelhador elétrico, o cabelo parece que saíste do banho…

Dicas de sobrevivência:

·       Garrafa de água na mesa de cabeceira: companheira oficial das madrugadas. (ou um balde, não julgamos).

·       Pijamas leves e fáceis de tirar (quem inventou botões minúsculos nunca teve menopausa). Porque a meio da madrugada não temos destreza para isso.

·       Tenha roupa extra ao lado da cama (modo pit stop F1).

·       Evite comidas picantes à noite — a não ser que queira um dueto de fogo interno e externo

3. Insónia

De repente, dormir torna-se uma atividade de risco. Ou não adormeces, ou adormeces e acordas às 3 da manhã com superpoderes: consegues ouvir um pardal a piar a 5 quilómetros de distância.

Dicas de sobrevivência:

·       Horário fixo para dormir (sim, como as crianças).

·       Nada de café ou álcool ao fim da tarde, assim depois das 16h (sim, eu sei que custa).

·       Rituais relaxantes: banho quente, difusão de óleo essencial de lavanda ou mesmo no banho devidamente diluído, uma boa leitura, sem acesso a emails ou WhatsApp.

·       E se não conseguires dormir, pelo menos ficas em dia com as séries… há que ver o lado positivo.

 

4. Irritabilidade e oscilações de humor

Aqui a montanha-russa não é da Disney: é caseira, sem cinto de segurança e com curvas inesperadas. Num minuto, paz e amor; no minuto seguinte, alguém deixou a toalha molhada em cima da cama e tu já estás a preparar discurso digno de assembleia da ONU.

Dicas de sobrevivência:

·       Avise a família que vive consigo: “Não sou eu, são as hormonas!”. Esta é a dica mais importante.

·       Respiração, yoga, caminhadas… e, se nada resultar, Netflix com chocolate.

·       Reserve tempo só para si (30 minutos já fazem milagres, 60 é quase meditação monástica).

·       Respire fundo antes de gritar com a toalha molhada ou 5 minutos de silêncio trancada na casa de banho: tudo conta.

·       Se nada resultar, chocolate. Muito chocolate, ou gelado.

5.  Falta de concentração e “nevoeiro mental”

De repente, o teu cérebro decide fazer greve. Parece um engarrafamento às oito da manhã: nada anda, tudo parado. O pensamento vai devagarinho, como quem sobe escadas rolantes ao contrário. Vem aquele clássico: esqueces o que ias dizer a meio da frase ou andas pela casa à procura do telemóvel — que, surpresa, está na tua mão o tempo todo.

E o grande campeão dos momentos “quem nunca?”: chegas à cozinha e pensas “espera… mas eu vim aqui fazer o quê?”. Nessa hora, o cérebro entra em modo em Windows 95: arranca devagar, lento, bloqueia do nada e, se insistes demasiado, manda-te um sinal “erro fatal”, reinicie por favor!

Dicas de sobrevivência:

·       Escreve tudo! Notas no telemóvel, na agenda, no post-it, no braço… escreva tudo!

·       Ou gravar mensagens para si própria, versão “voz do além”, também ajuda.

·       Hidrata-te, porque ao que parece o cérebro funciona melhor com água do que com café (triste realidade).

·       Caminhadas rápidas e pausas durante o dia.

·       Aromaterapia: porque além de te clarear a mente, deixa tudo a cheirar bem, efeito SPA. Deixo algumas sugestões de óleos essenciais que promovem a concentração: limão, capim-limão ou hortelã- pimenta. Opte por um que lhe seja agradável. 

 

6. Dores musculares e articulares

Acordar depois dos 50 é quase um desporto radical. Deitas-te bem, normalíssima, mas enquanto dormias, alguém organizou um torneio de luta livre e tu foste o saco de pancada oficial.

A cada acordar matinal, uma nova descoberta da fisionomia do teu corpo, um joelho estala, o ombro resmunga, e até o dedo mindinho…decide doer. O teu corpo entra em modo “condor”: com dor aqui, com dor ali, com dor em todo o lado.

E o mais giro é tentar explicar isso ao médico: “Ó doutor, dói-me aqui, mas também dói ali… e às vezes até acolá. Aliás, diga-me um sítio qualquer e eu confirmo: também dói.”

Dicas de sobrevivência:

·       Exercício leve (mesmo quando apetece deitar no sofá e virar estátua).

·       Mexa-se e caminhe (mesmo que seja só por casa atrás do gato ou até á pastelaria, o que importa é mexer-se)

·       Yoga e alongamentos.

·       Aqueça ou arrefeça consoante a dor, na zona dorida.

·       Se as dores forem fortes, não hesite em consultar o seu médico — e não é lamechice, é realidade.

·       Se doer demais: médico já!

7. Pele e cabelo secos

Antes da menopausa: cabelo digno de anúncio de shampoo, brilhante, sedoso, daqueles que até faz inveja às amigas. A pele? Linda, suave, com aquele glow de verão… o ano inteiro.  Agora: o cabelo ganhou personalidade própria — faz o que quer, quando quer, e nunca coincide com o que tu queres. A pele? Vive a pedir hidratação, qual planta esquecida no deserto… ou melhor, uma estrada no Alentejo em pleno Agosto: seca, a rachar.  Resumindo: uma desgraça com laivos de comédia.

Dicas de sobrevivência:

·       Hidrate-se por dentro (água) e por fora (cremes, óleos e paciência), opte por cosmética suave e natural, a sua pele vai agradecer

·       Menos é mais, menos químicos no cabelo e rosto, cabelo e rosto mais saudável.

·       Protetor solar mineral no rosto, todos os dias — sim, até para ir à padaria. Sim, no inverno!

·       Corte prático no cabelo: menos drama, mais estilo. Não é sinal de derrota, mas sim de inteligência.

8. Peso extra e libido em baixa

Dois temas tabu, mas inevitáveis. O corpo muda, e a vontade de… também. Mas calma, não há necessidade de entrar em pânico, há vida ( e muita!) depois destas mudanças e alguns truques!

Dicas de sobrevivência:

·       Esqueça dietas milagrosas: se elas funcionassem, já eramos todas capas de revista. O segredo é simples: mexa-se e alimente-se bem e não como um avestruz em dieta líquida. Comida normal, cozinhada em casa ou em casa de amigos!

·       Fale e pergunte! Não sofra em silêncio, isso é coisa de novela mexicana: há soluções, tratamentos e truques que ajudam…e amigas que já testaram tudo antes de si! Vai descobrir um mundo novo….

·       Converse abertamente com o seu médico e parceiro, partilhar é metade da solução. Porque adivinhar não é o ponto forte do seu companheiro, nem para escolher a sua prenda de Natal, quanto mais para estas coisas!

·       Libido também gosta de humor e autoestima: trate-se com carinho, mime-se e não se leve demasiado a sério. Afinal, o riso é afrodisíaco. Sabia que o óleo essencial de Ylang Ylang completo também é afrodisíaco? Promove a sensualidade e a saúde da mulher. 

·   E se o corpo engordar um bocadinho? Paciência. Mais corpo, mais para abraçar. Não é uns quilos a mais que te tira a categoria! E é uma desculpa para comprar roupa nova!

A parte boa disto tudo…

A menopausa não é o fim. É só uma “nova temporada” — tipo aquelas séries que ninguém pediu, mas pronto, cá está ela.

É verdade, tem desafios. Mas não é nenhum monstro. É mais como aquele familiar chato no Natal: não dá para expulsar, mas aprende-se a aturar. Às vezes até dá umas boas histórias.

E a verdade é que a vida depois dos 50… não só continua, como pode ser ainda mais divertida. Agora é que temos histórias para contar — e abanicos para partilhar, porque a menopausa vem com aquele “ar-condicionado natural” que liga sem aviso.

A parte boa? É altura de simplificar. Já não há paciência para dramas — só para escolher bem o creme hidratante e decidir se os sofás ficam ou não com as mesmas almofadas há 20 anos.

E sim, minhas senhoras, com humor tudo fica mais leve. Até os afrontamentos. Porque se é para transpirar, que seja a rir.

ATENÇÃO: isto não é ciência, é só experiência própria, dicas pessoais. Uma espécie de manual de sobrevivência, versão “nova temporada dos 50+”. EM

 

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